Spray: um aplicativo para resgatar e manter viva a memória da arte urbana

O grafite urbano é um acontecimento real, concreto, material e, principalmente, temporal, pois seu prazo de validade é determinado por fatores inerentes ao espaço urbano. A própria atividade dos grafiteiros contribui para a efemeridade do grafite, uma vez que os artistas constroem suas obras por cima de outras já existentes. Mas enquanto a atividade dos grafiteiros contribui positivamente para esse cenário, em 2017 vimos políticas públicas e intervenções do Estado que negam espaço para o grafite. Um exemplo é o projeto “Cidade Linda” concebido pela gestão do até então prefeito da cidade de São Paulo João Dória, que substituiu os grafites de algumas das principais avenidas da cidade pelos chamados “muros verdes”.

Desenvolvido em grupo e apresentado como trabalho de conclusão de graduação em Design Digital pela Universidade Anhembi Morumbi em 2017, o aplicativo Spray tem como objetivo recuperar e perpetuar a memória dos grafites da cidade de São Paulo. Com ele, propomos a criação de um acervo colaborativo de fotografias dos grafites da cidade tiradas no mesmo local em datas diferentes. Através desse agrupamento de fotografias, o aplicativo proporciona uma deriva pelo tempo e pelo espaço, além de uma visualização da efemeridade presente nos centros urbanos.

Visualização das fotografias

As principais funcionalidades estão relacionadas à visualização das fotografias do acervo do aplicativo. A interface "Explore" sinaliza em um mapa locais que possuem fotografias nos arredores do usuário. Tocando nesses locais, o usuário vê fotografias organizadas de acordo com as datas em que elas foram tiradas. Também são disponibilizadas informações como o autor da fotografia e os autores do grafite que nela estão registrados. 

Contribuição com as fotografias

A construção do acervo é feita de modo colaborativo. O usuário pode enviar fotografias tiradas tanto em locais já fotografados quanto em locais que ainda não foram fotografados.

Outras funcionalidades

Além das funcionalidades citadas acima, o aplicativo conta também com:

• cadastro com nome, e-mail, senha e foto;
• login com e-mail e senha;
• perfil do usuário;
• interface inicial que apresenta as principais funcionalidades do aplicativo;
• interface "Galerias", que disponibiliza fotografias compiladas com base em locais de destaque, como Minhocão, Avenida Paulista e Avenida 23 de Maio, e com base nos autores dos grafites;
• interface "Novidades", que disponibiliza um feed de matérias de portais externos relacionadas à arte de rua;
• interface de configurações onde é possível realizar logout, excluir conta e alterar senha.

Como o projeto foi desenvolvido

A proposta do projeto ficou a cargo dos alunos. Coube a nós elaborá-la a partir de uma investigação teórica. Sendo assim, o conceito surgiu a partir dos estudos da Internacional Situacionista, movimento artístico e político que surgiu na década de 50 e que criticava os efeitos da espetacularização nas cidades, encarando-as como campo de atuação política e revolucionária.

Delimitamos como público-alvo residentes de grandes cidades com interesse em arte como artistas, estudantes, professores, profissionais de comunicação e áreas correlatas. Durante as etapas de conceitualização da proposta, de estruturação das arquiteturas de informação e navegação e de criação das interfaces, realizamos entrevistas com esse público.

O aplicativo foi desenvolvido utilizando o Ionic, framework focado na criação de aplicações híbridas para dispositivos móveis, e está disponível na Play Store.

Qual foi a minha contribuição

Estive presente no projeto do início ao fim. Contribuí com a investigação teórica a partir da qual surgiu a proposta; com a criação do conceito do aplicativo; com a estruturação das arquiteturas de informação e navegação; com o desenvolvimento técnico do aplicativo utilizando o framework Ionic, onde explorei meus conhecimentos em HTML, CSS e JavaScript; e com a publicação do aplicativo na Play Store.

O projeto foi apresentado no XIII Encontro Científico e de Iniciação Científica da Universidade Anhembi Morumbi e no IX Congresso Brasileiro de Iniciação Científica da Universidade Santa Cecília.